quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O centenário da morte de Joaquim Nabuco
Reinaldo de Oliveira *
No último domingo, o Mundo, o Brasil e Pernambuco celebraram a morte de Joaquim Nabuco. Em 17 de janeiro de 1910, morre nos Estados Unidos, como primeiro Embaixador Brasileiro naquele País. A Marinha brasileira transporta o seu ataúde para o Recife, onde se encontra sepultado, num belo mausoléu, no Cemitério de Santo Amaro. Por determinação de Lei Federal, o ano de 2010 é denominado ‘Ano Nacional de Joaquim Nabuco.’

Meu pai, Valdemar de Oliveira, escreve no capítulo ‘Aurora de minha vida’, em seu livro de memórias, escrito em 1966, ‘Mundo Submerso’, o seguinte: ‘Nasci no dia 2 do último maio do século passado, num primeiro andar da Rua da Imperatriz - era o No. 46 - coração do Recife: eu, de um lado; Nabuco, quase de frente, do outro. ‘ De fato, Nabuco nascera em 19 de agosto de 1849 no sobrado de Nº 39, do Aterro da Boa Vista, hoje Rua da Imperatriz Thereza Cristina.

A vida de Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo honrou Pernambuco e o Brasil. Engajado, logo cedo, na luta contra a escravidão em nosso País, haveria de se tornar o ‘abolicionista que quis mudar o Brasil’. Em 1878 elege-se deputado por Pernambuco, reeleito em 1884. Torna-se, de imediato, líder da causa abolicionista. Seus esforços em prol da campanha, fruto, como ele mesmo diz, ‘do leite preto que o amamentou’, levam-no a combater a escravidão e de tal modo se sente, paradoxalmente, ligado a ela, que não hesita em escrever, quando da abolição pela Princesa Izabel, que ‘experimenta uma profunda nostalgia: a saudade do escravo’.

Como Monarquista, com a proclamação da República em 1889, abandona a política. Já escrevera, em 1882, durante período em que vivera em Londres, sua obra prima ‘O abolicionismo’ em que defende a abolição imediata, posição contrária a que assumira em 1880 quando lançara um projeto de abolição para dez anos depois. Em 1896 escrevera ‘Minha Formação’ maravilhoso livro em que ressalta a sua passagem pelo Engenho Massangana, no Cabo, onde viveu sua infância. Em 1898 escreve ‘Um Estadista do Império’ com que se firmou como escritor clássico brasileiro.

Formado em Direito na Faculdade de Direito do Recife, em 1870, faz da Política e da Literatura seus estandartes, confessando evitar a mistura de ambos, não admitindo que o patético da oratória, do advogado ou do tribuno permita o acesso do poeta ou do prosador.

O Conselho Estadual de Cultura, presidido pelo poeta Marcus Accioly, denominou 2010 como o ‘Ano Joaquim Nabuco’ e fará comemorar os 100 anos de sua morte com uma série de conferências, em seu auditório Renato Carneiro Campos, que se inicia amanhã, dia 21, às 11horas, com a do Conselheiro Leonardo Dantas Silva, historiador, que discorrerá sobre o tema ‘A atualização do pensamento social de Joaquim Nabuco.’ Na próxima semana serei eu a proferir ‘Joaquim Nabuco e o Teatro’, abordando aspectos raros e de grande importância na sua vida, como autor teatral e como ator, ao lado de Castro Alves. A terceira será proferida por Marcus Accioly e abordará ‘Castro Alves e Joaquim Nabuco’.

O Conselho Estadual de Cultura, como integrante do Governo do Estado, se incorpora, assim, às iniciativas da Academia Brasileira de Letras, das Universidades Nacionais, das Assembleias Legislativas e das Prefeituras Municipais, de modo a tornar mais brilhantes as comemorações do Centenário da morte de Joaquim Nabuco.


* Membro da Academia Pernambucana de Letras e dos Conselhos de Cultura do Estado e do Município.